CATAPHORA

Olá, pessoal!
A revista Veja desta semana traz como reportagem de capa o primeiro debate televisionado dos presidenciáveis do Brasil. No entanto o intuito comunicativo da reportagem, distante de discutir as propostas apresentadas por Dilma, Serra ou Marina, é demonstrar que os candidatos "afundaram-se em anacolutos, solecismos, frases inconclusas e erros gramaticais".
Como é comum, pessoas sem embasamento teórico que ultrapasse a leitura das páginas x ou y de Pasquale et al (e tchau!) se acham no direito de discutir oficialmente questões relativas à lingua. O problema é que quase sempre os comentários não apresentam fundamentação alguma e, pior, são preconceituosos. Disso decorrem afirmações como dizer que certas "aberrações (...) agridem tanto os ouvidos como a natureza[?] da língua", ou dizer que certo emprego linguístico "ofende a frase" [tadinha, alguém já viu uma frase ofendida?] etc., etc., etc...
Não deixem de ler a reportagem! Lá a gente pode/nós podemos/a gente podemos encontrar afirmações (isso sim, verdadeiras aberrações!) como:
1) Há "a moda recente (...) de impor uma declinação feminina ao substantivo 'presidente'. No debate da Band, Dilma Rousseff reafirmou o desejo de ser 'presidenta' do Brasil. Deveriam então os bancos ter 'gerentas'?".
Ora, o próprio Aurélio, o dicionário mais popular do Brasil, reconhece a flexão de gênero para a forma presidente. Faltou uma consultinha!
2) "A mania recente com os verbos em 'izar' é um exemplo [de "modismo" que vira "vício" e de que "é saudável manter distância"]. O sufixo é usado geralmente para derivar verbos a partir de adjetivos - de 'legal', chega-se, a um passo irretocável, a 'legalizar'. Mas o 'obstaculizar' que anda por aí desvia-se da norma, já que vem de substantivo, 'obstáculo' - além de ser feio de doer".
Oxe, então vamos apagar vários verbos da nossa língua, como canalizar, já que ele deriva de substantivo. E será se os redatores da reportagem sabem o que é "geralmente"?

Ih, terminei me alongando demais!!!
Até