Veja a seguir os resumos das apresentações do II COGITE! Clique nos títulos das apresentações para ser direcionado para o resumo correspondente.
Dia 13/12/2012
18h – Palestra de abertura: Reelaborações de gêneros em redes sociais - Júlio César Araújo (UFC)
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Dia 14/12/2012
8h30 – Apresentação e discussão da pesquisa Funcionamento sócio-retórico do Perfil Institucional no Twitter de lojas de departamento brasileiras
Uma análise da história do gênero perfil de grandes lojas de departamento no Twitter – Marina Oliveira Lélis Viana (UFPI)
Situação retórica geradora de perfis corporativos de grandes lojas de departamento no Twitter -Bruno Diego de Resende Castro (UEMA)
A interação cliente-empresa realizada em perfis de grandes lojas de departamento no Twitter - Leila Rachel Barbosa Alexandre (UFPI)
Configurações de forma e substância em perfis corporativos de grandes lojas de departamento no Twitter - Ismael Paulo Cardoso Alves (UFPI) e Beatrice Nascimento Monteiro (UFPI)
14h às 16h - Relato e discussão da pesquisa: Uma sociohistória do Gênero Proposta de redação: o caso da UNICAMP
Gênero proposta de produção de texto: um estudo à luz da nova retórica estadunidense - Lafity dos Santos Alves (UEMA) e Mery Ruth Lustosa
O propósito comunicativo nas propostas de redação nos vestibulares da UNICAMP nos últimos 25 anos - Aucélia Vieira Ramos (UFPI) e Francisca Jacqueline Penha Santos (UFPI)
Eventos deflagradores na construção das propostas de redação – Francisco Alves Filho e Bruno Raniel Ferreira Monteiro (UFPI)
16h30 às 18h30 - Discussão da pesquisa Trajetórias retóricas do gênero notícia na imprensa brasileira: o caso da Folha de S. Paulo
Estudo retórico sobre a repercussão do golpe militar em manchetes de jornal veiculadas nas capas da Folha de S. Paulo sob a óptica das teorias de gênero do discurso – Samarina Soares de Sá (UFPI)
Como o estilo se caracteriza no gênero notícia: expressão da individualidade ou construção social? -Eliane Pereira dos Santos (UFPI)
A notícia na relação com suas fontes: uma análise em eventos de posses presidenciais entre 1985 e 2003 – Maria Lourdilene Vieira (UFMA)
Uma história contada em notícias: a trajetória de quase posse do presidente eleito Tancredo Neves – Emanoel Barbosa de Sousa (UFPI)
RESUMOS
Júlio César Araújo (Hiperged/UFC)
Minha fala é um recorte que faço do Projeto REGE (Reelaboração de gêneros em redes sociais) em desenvolvimento no grupo Hiperged, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL), da UFC, em parceria com pesquisadores de outras universidades. Nesta pesquisa, buscamos responder às seguintes questões: 1) Qual a natureza dos gêneros mais recorrentes na organização das práticas discursivas das redes sociais Twitter e Facebook? 2) Considerando que são gêneros ainda em estado de emergência, como caracterizá-los quanto aos seus processos de reelaboração? 3) Que metodologias podem dar conta dessa análise? A base teórica do trabalho procede da teoria de gêneros de Bakhtin (2000), passando pela releitura que Costa (2010) faz da subcategorização do conceito de transmutação proposto por Zavam (2009). O objetivo é o de descrever os gêneros que organizam as práticas discursivas nas redes sociais Twitter e Facebook, considerando o continuum entre a estandardização e a emergência que caracteriza o fenômeno de reelaboração criadora de gêneros. Para a análise, utilizamos 70 mensagens do Facebook e 70 do Twitter, coletadas entre os meses de Agosto de 2011 e Maio de 2012. Os dados permitem a conclusão de que, da dinâmica de valores que rege as interações ambientadas nas redes sociais, mais especificamente Twitter e Facebook, emerge a necessidade, por parte dos usuários, de complexificar suas postagens, atraindo para elas maior audiência e propagação. Para dar conta desse objetivo, os atores sociais mobilizam práticas discursivas materializadas na manipulação de diferentes padrões genéricos. Esse contexto de constante modificação e investimento nas práticas de linguagem confere a essas duas redes sociais um absortivo movimento de efervescência de novos gêneros, através do processo de reelaboração criadora que transita entre a estandardização e a emergência.
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Bruno Diego de Resende Castro (UEMA)
A criação e manutenção de perfis no Twitter por empresas ou instituições se tornou algo frequente na atual constituição da nossa sociedade cuja característica é está sempre acessando redes sociais. Diante dessa realidade, nosso estudo, o qual faz parte de um projeto de pesquisa maior realizado em conjunto com mais quatro pesquisadores dentro do grupo Cataphora, tem como objetivo geral analisamos a configuração genérica do gênero perfil corporativo de lojas de departamento no Twitter. Nesse sentido o objetivo desta porção do projeto aqui resumida, analisa a situação retórica e o propósito comunicativo que envolve a construção desse gênero. Toda nossa pesquisa tem como suporte teórico os pressupostos da Nova retorica estadunidense representadas em nosso estudo por Miller (2009 [1984]), Devit (2004) e Bazerman (2005), autores que compartilham o pensamento de que o gênero é entendido como uma ação retórica que emerge de uma situação tipificada para atender uma exigência. Baseamo-nos também nos pressupostos teóricos de Marcuschi (2008) e Bakhtin (1997 [1979]) os quais propõe o estudo do domínio discursivo aliado ao estudo do gênero, pois segundo os autores cada domínio possui práticas discursivas singulares, ou seja, apresenta características próprias, tais como tipos de interação, formas de escrita, propósitos etc. O corpus da nossa pesquisa se constituirá a partir dos perfis das seguintes empresas: Americanas (@americanascom e @americanasajuda), Casas Bahia (@casasbahiacombr) e Ponto Frio (@pontofrio e @PontofrioSAC). Neste estudo, também analisaremos os notícias a respeito desses perfis e o site das respectivas empresas. Desenvolveremos nosso estudo da seguinte forma: selecionar um corpus representativo buscando algumas datas importantes e não importantes para o comércio (importantes: dia das crianças e dias dos pais, não importantes: mês de setembro) para podermos comparar as postagens e podermos caracterizar a recorrência da situação, bem como os propósitos comunicativos; selecionar notícias e informações no site a respeito do perfil ou sobre a comunicação da empresa com o público; quantificar os tipos de postagens mais recorrentes no perfil (por exemplo, de propaganda, saudação, reclamação, dúvida etc), interpretar os dados obtidos.
Palavras-chave: Twitter, gêneros, situação retórica, propósito comunicativo, lojas de departamento
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Marina Oliveira Lélis Viana (UFPI)
O presente trabalho se propõe a fazer considerações a respeito da história do gênero perfil corporativo de grandes lojas de departamento no Twitter. Para tanto, analisamos os perfis das Lojas Americanas (@americanascom e @americanasajuda), Casas Bahia (@casasbahiacombr) e Ponto Frio (@pontofrio e @PontofrioSAC), tentando identificar se há semelhanças e diferenças entre o que é feito no Twitter e o que existe/existiu anteriormente feito por outros gêneros. Analisamos os tweets postados pelos perfis, fazendo a comparação entre as práticas discursivas existentes no perfil dessas empresas com o que é feito no serviço de atendimento ao consumidor feito por telefone-SAC e as propagandas de produtos televisivas, procurando compreender quais coisas são apenas transplantadas desses gêneros para o meio digital. Para sua realização e melhor entendimento sobre os gêneros, no que se refere à estrutura, função, propósitos comunicativos, entre outras noções sobre o tema tratado, nos apoiamos nos estudos de Bakhtin (2003), Bazerman (2005) e Devitt (2004), além de outros textos que tratam mais especificamente dos gêneros digitais, como Miller (2009).
Palavras-chave: Gênero; Twitter; Lojas de departamento.
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Leila Rachel Barbosa Alexandre (UFPI)
A proposta inicial do Twitter de que as pessoas utilizassem o serviço para reportar aos outros o que estavam fazendo foi superada conforme as pessoas que o utilizavam foram percebendo novas exigências sociais que esse serviço poderia atender. No caso das empresas, uma exigência percebida para ser atendida pelo Twitter foi a de melhorar o relacionamento e a interação com os clientes e chegar mais perto deles através da utilização de um serviço que foi e está sendo muito difundido na nossa sociedade. Nesse caso, o Twitter permitia uma interação mais próxima e rápida do que a oferecida por outras tecnologias, como o e-mail e o teleatendimento, por exemplo. Levando em conta esse contexto, este trabalho analisa a interação mantida entre grandes lojas de departamento e clientes através do Twitter, considerando que esse tipo de empresa lida com um grande número de clientes e precisa manter canais de comunicação eficiente para interagir com eles sobre promoções, reclamações, dúvidas etc. Ao optarmos pelo estudo da interação cliente-loja mantida através do uso de um gênero específico (o perfil empresarial no Twitter), estamos buscando entendê-la como um fenômeno que possui características tipificadas, advindas da necessidade de atendimento a uma exigência retórica específica, tal como entendido pelos Estudos Retóricos de Gêneros empreendidos por Miller (2009 [1984]) e Devitt (2004). Para a realização desta pesquisa, faremos análise de corpus representativo composto por postagens e conjuntos de postagens nas quais é mantida interação entre o responsável pelo perfil da loja e os clientes. As postagens serão coletadas nos seguintes perfis: Americanas (@americanascom e @americanasajuda), Casas Bahia (@casasbahiacombr) e Ponto Frio (@pontofrio e @PontofrioSAC). No corpus coletado serão observados os assuntos mais tratados nessas postagens e o que motiva a interação entre a loja e o cliente, buscando entender como se sucede a interação, quem a provoca e por quê.
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Beatrice Nascimento Monteiro (UFPI)
Ismael Paulo Cardoso Alves (UFPI)
Através deste trabalho buscamos compreender o funcionamento sociorretórico da forma e substância dos perfis corporativos de grandes lojas no twitter. Para isso, empreendemos uma análise que incide sobre 05 perfis de lojas na referida rede social, são eles: @americanascom, @americanasajuda, @casasbahiacombr, @PontoFrioSAC e @ponto frio. A análise realizada é de cunho interpretativo e se baseia na multimodalidade dos textos, tanto em seus elementos verbais (como as postagens escritas e a descrição dos perfis) quanto em elementos não-verbais (como as fotos e imagens de capa apresentadas). Na montagem do nosso corpus tivemos por base a metodologia adotada por Castro (2012) e Alexandre (2012) para analisar a forma e conteúdo dos perfis, examinando apenas as affordances editáveis do Twitter, ou seja, aquelas que podem ser diretamente construídas pelo usuário. Utilizamos como aporte teórico Miller (2009), a qual afirma que a forma possui valor sintático (ao organizar as informações do texto) e semântico (ao gerar determinados efeitos de sentido) e Alves Filho (2011), o qual defende que forma e conteúdo possuem uma relação recíproca e necessária. Em nossa análise, verificamos que os elementos não-verbais dos perfis (foto, papel de parede, capa) apropriam-se da identidade visual da loja, já construída em outros meios, como o site oficial. Já os elementos não-verbais apresentam variação nos padrões de linguagem: os perfis das lojas virtuais (@americanascom, @ponto frio e @casabahiacombr) manifestam marcas da linguagem publicitária como o uso do modo imperativo e presença abundante de adjetivos e advérbios, enquanto os perfis de atendimento ao consumidor (@americanasajuda e @PontoFrioSAC) trazem jargões da linguagem utilizada pelos serviços de SAC, com um registro que expressa maior distanciamento dos seguidores.
Palavras-chave: Gênero de texto. Twitter. Perfis Corporativos de Grandes Lojas.
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Lafity dos Santos Alves (UEMA)
Mery Ruth Lustosa Torres ( UFPI)
Segundo alguns autores da Nova Retórica estadunidense, três aspectos são cruciais na moldagem de um gênero, são eles: percepção dos retores, expectativa da audiência e demanda da situação. Atentando para esses aspectos, buscaremos nesse trabalho investigar a expectativa dos usuários da linguagem diante das Propostas de produção de texto elaboradas pela Unicamp nos últimos vinte e cinco anos. Por essa razão, seguiremos a teoria de gêneros defendida por Devitt (2008), Jamieson (1973) e Miller (2005), para quem os gêneros são construtos sociais elaborados pelos usuários em situações específicas de uso da linguagem. Ao analisarmos as propostas de produção da Unicamp, podemos perceber que a Unicamp durante mais de vinte anos trabalhou um mesmo formato de proposta, qual seja: Narração, Dissertação e Carta argumentativa. E, por isso, em 2011, os alunos e donos de cursinhos tiveram suas expectativas quebradas diante do novo formato de proposta apresentada pela Unicamp, uma vez que esta passou a trabalhar com variados gêneros, que não se repetem como em anos anteriores. Com isso, observamos que, não somente a escrita, mas também a leitura e conhecimento de mundo do aluno passaram a ser aspectos importantes nos critérios de avaliação das redações produzidas pelos alunos que participam do processo de seleção do Vestibular dessa instituição de ensino superior em questão.
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Aucélia Vieira Ramos(UFPI)
Francisca Jaqueline Penha Santos(UFPI)
Este estudo tem como objetivo identificar os propósitos comunicativos no gênero: propostas de redação nas provas de vestibular da Unicamp. A fim de atingir tal finalidade, utilizaremos categorias de estudo como a teoria do dialogismo de Bakhtin (1988), propósitos comunicativos implícitos e explícitos defendido por Swalles (2004), Alves Filho (2011) e o contexto de gêneros apresentado por Miller (2009) e Devitt (2004). O corpus desta pesquisa é composto por provas do vestibular da Unicamp, especificamente das propostas de redação, dos últimos 25 anos. A pesquisa fundamenta-se em uma abordagem quantitativa e qualitativa com a coleta e análise dos dados destacando os conceitos e as teorias em estudo.
Palavras-chave: Propósito comunicativo; Proposta de redação; Unicamp; Gênero textual.
Bruno Raniel Ferreira Monteiro (UFPI)
Francisco Alves Filho (UFPI)
O presente trabalho objetiva-se em formular um estudo acerca dos eventos deflagradores em propostas de produção de redação do vestibular da UNICAMP nos últimos 25 anos, no concernente aos eventos deflagradores, e suas mudanças ocorridas ao longo desse período, bem como, analisar de modo sistemático os mesmos, caracterizando-os. Segundo Meurer apud Pilar (2002), atualmente o estudo, a pesquisa e o ensino de gêneros se torna a cada dia algo mais difundido a nível nacional. Pilar (2002) defende que é importante e faz-se necessária a ampliação de estudos voltados à redação de vestibular, uma vez que este é um gênero que desperta muito interesse, sobretudo para pais e alunos no período de conclusão do ensino médio. Resultados primários da presente pesquisa demonstram que do período compreendido entre 1987 e 2003 as propostas de produção de redação do vestibular da UNICAMP mantiveram um modelo onde a primeira opção de produção textual em totalidade tinha como objetivo a produção de um texto dissertativo, que recorrentemente tinha como evento deflagrador um tema, bem como a partir de 2004, as três opções de propostas de produção textual, a saber: dissertação, narração e carta possuem por embasamento um tema geral, e como evento deflagrador recortes deste tema.
Palavras-chave: Redação de vestibular, Evento deflagrador, Produção de texto.
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Samarina Soares de Sá (UFPI)
Este estudo tem como objetivo identificar de que maneira o veículo de comunicação impressa Jornal Folha de S. Paulo veiculou manchetes em suas capas de jornais acerca da mudança política ocorrida no Brasil no ano de 1964 (golpe militar). A fim de atingir tal proposta, utilizaremos categorias de estudo como dialogismo, propósitos comunicativos implícitos e explícitos e leitor presumido por meio da contribuição de autores que reconhecem o funcionamento dos gêneros do discurso como atividade retórica, tais como Bakhtin (2011), Marcuschi (2008), Alves Filho (2011), entre outros. O corpus desta pesquisa é composto por imagens adquiridas no sítio eletrônico do acervo do jornal Folha de São Paulo. Optou-se por analisar o mês de março e abril de 1964 por representarem, respectivamente, os últimos preparativos para a instalação do golpe e a declaração da tomada de poder pelos militares. Por fim, visamos destacar as características do gênero manchete de jornal, bem como sua relevância na categoria de gêneros jornalísticos.
Palavras-chave: Gênero manchete de jornal – Jornal Folha de S. Paulo – Retórica
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Eliane Pereira dos Santos (UFPI)
Temos como objetivo analisar a manifestação das marcas estilísticas em notícias publicadas no jornal impresso Folha de São Paulo. Segundo Bakhtin (2003), estilo são as marcas linguísticas usadas para expressar traços linguisticamente recorrentes no gênero e traços linguísticos que expressam a atitude apreciativa do locutor. Sendo a notícia um gênero que tem como marca estilística a minimização da expressão da subjetividade, questionamos: como é possível reconhecer o estilo do gênero notícia? Como identificar marcas da subjetividade do locutor? O corpus analisado em busca dessas respostas compõe-se de notícias relativas à posse dos presidentes Fernando Collor de Mello (1990) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003 e 2007). Além do corpus formado pelas notícias, também utilizamos alguns trechos do Manual de Redação da Folha de São Paulo, na versão online, a fim de fazermos uma comparação entre o que diz o manual sobre o estilo do gênero notícia nesse jornal e as marcas estilísticas encontradas nos textos analisados. Como sustentação teórica recorremos, principalmente, a Bakhtin (1976, 2003 e 2010) e a outros autores tais como Alves Filho (2011) que explica a relação do estilo com o tema e com o interlocutor, Cervoni (1989) que trata das modalizações e Olímpio (2006) que discute o uso das nominalizações no gênero notícia. Em nossas análises verificamos que nas notícias do jornal impresso Folha de São Paulo nem sempre as marcas de estilo correspondem exatamente ao que prescreve o manual de redação da referida instituição. Percebemos que embora as orientações estilísticas do jornal busquem a objetividade, também temos marcas de subjetividade.
Palavras-chave: Estilo. Bakhtin. Notícia. Jornal Folha de São Paulo
Maria Lourdilene Vieira Barbosa (UFMA)
Nesse trabalho, apresentamos os resultados parciais de uma pesquisa desenvolvida a partir de um corpus comum analisado por vários pesquisadores, que visam a um estudo comparativo do funcionamento do gênero notícia em diferentes momentos da história do Brasil, analisando notícias veiculadas no Jornal Folha de São Paulo, em situações de posses presidenciais, a partir do período de Redemocratização, com a ‘quase posse’ de Tancredo Neves e posse de José Sarney, em 1985, de Fernando Collor, em 1990, e a posse de Luís Inácio Lula da Silva, em 2003, constituindo o corpus as notícias de antes, durante e depois da situação de posse. Aqui, investigamos que outros gêneros serviram de base para a constituição de notícias do período analisado, explicando a relação entre o processo de composição textual e o funcionamento social do gênero notícia. Entendendo a notícia como um gênero caracterizado por apresentar informações novas e relevantes para determinado grupo social, no processo de elaboração do texto, o jornalista tem em vista outros textos que servem de fonte para as informações que aparecem na notícia, de modo que o gênero notícia mantém uma relação fundamental com o processo de intertextualidade ou, mesmo, de retextualização. Para nossas considerações, baseamo-nos em autores dos estudos de texto, como Marcuschi (2001), Dell’Isola (2007) e Koch e Travaglia (1989), e nos pressupostos teóricos de autores da Nova Retórica estadunidense, como Miller (2009 [1984]) e Bazerman (2005), que explicam a relação que os textos mantêm com a sociedade, entendendo gênero como uma “ação social”, na medida em que possibilita o sujeito agir retoricamente por meio da linguagem. Nossas análises têm mostrado que os textos que servem como fonte de informação para as notícias são basicamente declarações públicas e/ou depoimentos de figuras políticas intrinsecamente ligadas ao fato noticiado. Estas, por sua vez, são mescladas a outras informações, baseadas no que supostamente é visto ou presenciado pelo jornalista, que ao longo do texto detalha as informações e se fundamenta basicamente nas falas de personalidades políticas envolvidas nas notícias. Logo, percebemos uma relação entre gêneros textuais diferentes nas modalidades oral e escrita da língua.
Palavras-chave: gêneros retóricos, notícias políticas, intertextualidade, retextualização.
Emanoel Barbosa de Sousa (UFPI)
Esta apresentação tem por objetivo ressaltar o importante papel que a situação social tem para o funcionamento dos gêneros. Para isso trazemos como exemplo o gênero notícia no período da redemocratização do Brasil, mais especificamente a situação de “quase posse do Presidente eleito Tancredo Neves e da posse do vice-presidente José Sarney” no ano de 1985. Esta é a primeira posse de um presidente civil após mais de vinte anos da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), o que já a torna um fato digno de ser noticiado. As notícias utilizadas neste trabalho encontram-se disponíveis no acervo eletrônico do jornal Folha de São Paulo e foram publicadas no período de 15 de março a 22 de abril de 1985. A escolha deste corpus se deve ao propósito de estudo conjunto de características do gênero jornalístico notícia pelo Grupo de Pesquisa Cataphora. O gênero notícia apresenta como principal propósito comunicativo informar um fato social relevante para determinada sociedade ou grupo social, este gênero reforça a perspectiva de que os gêneros estão atrelados não só a uma configuração estrutural, mas também a grupos sociais (produtores e consumidores) e a situações sociais, como defende a Teoria Sociorretórica de Estudos de Gênero. Para o desenvolvimento deste estudo nos apoiamos em Miller (2009 [1984]), Bazerman (2005), Swales (1990, 2001) que defendem a concepção de “gênero como ação social”. Notamos que o processo de redemocratização atua de maneira significativa para a definição das notícias apresentadas no Jornal Folha de São Paulo no período acima mencionado, refletindo em suas páginas respectivamente a euforia em relação à posse de Tancredo, a ausência do presidente eleito na cerimônia de posse, a desinformação em relação ao seu estado de saúde, a indefinição em relação à redemocratização do Brasil e a desconfiança em relação à capacidade do Vice-presidente José Sarney gerir o país na ausência temporária, e depois definitiva, do presidente eleito do Brasil Tancredo Neves.
Palavras-chave: Gênero notícia. Situação Social. Redemocratização.
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